segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO - Nº 12


"Estava um pouco afastado do teatro e cinema, pois estava me especializando em Artes com algumas figuras de Recife e Olinda por uns cinco anos, quando cheguei em Belém conheci Caroline Dominguez, que me perguntou se eu não gostaria de fazer um teste para uma mini série que iria ser realizada na Escola de Teatro e Dança da UFPA. Pois bem não deu outra: fiz, passei nos dois testes, mais o de TV. Foi quando a katiuscia me conheceu. E eu a ela.

Bem, fazer “O Forasteiro” pra mim foi uma grande experiência, como personagem e desafio. Primeiro que seriam poucas falas, ai um trabalho de corpo para o personagem foi se formando. Após um corte de cabelo para parecer um advogado recém-formado já era uma parte da formação do “Ricardo” que iria ser o filho da Nilza Maria (que responsa!) que a propósito não a encontrei na minissérie “Eva faz de Conta” a qual Nilza e eu tínhamos feito, porém as filmagens dela foram feitas separadamente das minhas, o que não nos proporcionou um encontro, que foi efetivado somente com grande alegria nas filmagens d’O Forasteiro, Nilza é maravilhosa! Katiuscia havia gostado do meu trabalho como ator como (Jorge) um cafajeste nesta mesma minissérie.

Em O Forasteiro as filmagens foram bem cansativas, pois em Belém com uma roupa preta social, andando a pelas ruelas e com um calor, foi de deixar qualquer um morto. Mas morto mesmo seria o meu desfecho final. Soube que iria virar uma animação, isso pra inicio de conversa foi ótimo! Já que tenho uma experiência com desenho fiquei muito curioso pelo resultado da animação que seria introduzido em uma determinada parte do Curta, que por sinal gostei muito! Adorei a equipe de produção e maquiagem que sempre estavam ali e realizaram um trabalho muito bom. Meus parceiros de cena Emerson Almeida que também é diretor e já me colocaria em outros trabalhos como ator em filmes com ABAIXO entre outros, virou também um amigo. O trabalho de Cezar Moraes, também uma excelente figura que realizou filmagens de excelentes ângulos e um ótimo profissional no que faz.

O Forasteiro sendo minha segunda experiência com cinema foi gostoso de fazer, de ser filmado em uma terra linda como Belém do Pará, por estar no palacete Bolonha conhecer um pouco da história e da arquitetura de uma bela construção da belle époque, com uma beleza que não sabia que existia, em uma cidade que já morei desde que tinha sete anos de idade. Simplesmente lindo depois de ver que todo o esforço virou um belo curta-metragem, o resultado final foi mais que eu esperava. Obrigado Deus e obrigado a todos, tenho um carinho enorme por este trabalho".

Thiago Losant
Belém, Dezembro de 2011.

Emoção!!!! Bastidores de O Forasteiro.

Diretora emociona-se com a grande atriz Nilza Maria!!!

Surpresa gravada pela equipe no dia em que filmamos na casa da grande Dama do Teatro Paraense. Fiquei muito emocionada em saber, após um dia inteiro de filmagens, que aquele momento foi a primeira vez em que ela abriu sua casa para servir de locação para uma filmagem de curtametragem. A grande honra e felicidade de partilhar esses momentos deliciosos de aprendizagem e exemplo de humildade e talento dessa atriz completa! Foi muito legal compartilhar esse momento em companhia de toda equipe!

Muito obrigada, galera!!!!

E em 2012, estréia o curta O Forasteiro, aguardem...

domingo, 9 de outubro de 2011

Diário de Bordo – n°10



É realmente estranho o nascimento de um filme e a concretização dele. Outro dia eu havia comentado com um amigo que minha impressão era que meu filme (O Forasteiro) tinha vida própria, pois eu percebia que passado algum tempo minha mente retomava esse assunto e o processo criativo do filme se reiniciava... então, às vezes eu imaginava alguma solução para determinado conflito em relação ao prosseguimento do projeto, e tudo parecia estar ok, porém não se concretizava pelo viés escolhido. Daí eu realmente percebi que o filme tem vontade própria. Lembro-me que quando eu comentei isso, caminhávamos na rua, e meu amigo riu.

E mais recentemente eu pude acreditar nesse sentimento de “vida própria” do filme. Quando eu escolhia determinado caminho para concretizar a ideia do curta-metragem ele fluía ou não fluía... foi um aprendizado meio difícil pra mim. Compreender que eu deveria ser mais sutil do que costumava NÃO ser, entrava em conflito direto com minha maneira racional de desencadear meu raciocínio. A Arte é raciocínio, porém bem mais inspiração. O raciocínio norteia o artista a compreender, aprender a utilizar as ferramentas disponíveis e também a linkar essas ferramentas para o objetivo final de dar à luz a ideia primeira que o iluminou – sua obra artística.

Enquanto que a inspiração está de mãos dadas diretamente à potencia da criação, e esta ultima requer disponibilidade total da sensibilidade do artista; aí que o bicho pegava pra mim... Tão acostumada a discorrer num caminho reto e claro, a feitura de um filme após a percorrer esse caminho lógico e prático: planilhas organizacionais; tratamentos do roteiro; escolha de locações; escolha de ângulos; etc e tal; começa a se configurar outra forma tão abstrata de linguagem intrinsicamente atrelada ao criador e sua criatura.

Você “sente” a comunicação como se você estivesse sendo levado a tomar essa ou aquela decisão tendo de compreender rapidamente se a coisa flui como deve ser. E isso ninguém te ensina, ou você aprende fazendo-sentindo-observando-neutralizando a sua vontade, deixando emergir a vontade do filme; ou então o projeto empaca! Você pode ter todos os recursos disponíveis ali à sua mão, mas se não for da vontade do filme a sua tomada de decisão, o projeto empaca... é impressionante. É aqui nesse ponto que o diretor/cineasta torna-se uma ferramenta apenas, e ter a humildade e sabedoria de aceitar isso ajuda as coisas fluírem.

Aí a intuição começa a tomar outra função: algo como uma espécie diferente de ordenação das coisas: uma organização imaterial, invisível, mas que será a principal porta de acesso para a finalização do filme. Chega a ser comparado à magia como nos contos de fadas; e é nesse momento que sua obra não mais lhe pertence... é o Belo nascendo pelas suas mãos, e ele suspira, e pulsa, e começa a caminhar com as próprias pernas... é quando a obra de arte começa a respirar não mais através de seu artista-criador. A obra de arte não mais lhe pertence: pertence ao mundo; e aí o artista já cumpriu sua função – traduzir o inteligível.

Também cheguei a comentar com outra amiga, que durante o período de montagem d’O Forasteiro, quando o esqueleto narrativo do filme estava ordenado em sequencias; colocada a sonoplastia; os efeitos; etc, quando tudo já estava mais ou menos no lugar, a sensação que eu tinha era que aquilo ali não era meu, era um completo estranhamento. A sensação que eu tinha era como: eu via algo que não tinha saído da minha cabeça, mas que ao mesmo tempo condizia com a ideia nebulosa do filme que eu imaginava ainda meio embotada lá no início do processo criativo; pois do conto que inspirou ideia do filme, até o nascimento de fato do filme, muita coisa aconteceu: fui cedendo da ideia original do roteiro; fui dando lugar a novos movimentos de câmera; fui abrindo mão de recursos de edição que dariam maior plasticidade à narrativa; para dar voz a vontade do filme.

Todo esse caminho servia para não se perder a essência e sim alcançá-la e transportá-la para esse suporte artístico, que no caso é o audiovisual. Realizar um filme é entrar em estado de Graça, compartilhá-lo com toda a equipe. Lembrando que todos têm uma compreensão diferente do roteiro; e é aí que o diretor deve estar atento para ouvir a voz das pessoas, pois numa dessas vozes pode vir a voz do filme em nascimento. E estar com os canais abertos para essa intuição te alcançar é que é o processo difícil e fatigante. Você vira uma balança, um medidor de tantas sugestões acerca do filme e ter a fluidez de destilar essas informações, ordená-las rapidamente e coloca-las em prática dispensa muita energia mental. E o importante é não se distanciar da essência da obra, e esse processo é exaustivo. É impressionante como o filme te suga! Como o processo mental pode chegar a picos de realização e cansaço num piscar de olhos.

“Ouvir” a voz dessa linguagem tão complexa e enigmática que é a linguagem cinematográfica é muito complicado. Mas a essa linguagem que eu me refiro não é a linguagem cinematográfica já prontinha na telona, e sim a linguagem que o filme sussurra para seu diretor. Parece loucura, eu admito... mas isso acontece. Estive por esses dias comentando isso com outro amigo meu que está finalizando as ultimíssimas filmagens de seu longa-metragem, e ele compreendeu o que eu falava, pois ele já “sentia” esse processo se apossando dele. É incrível! Acho que o cineasta é o artista que mais sofre juntamente com o escritor durante as etapas de concretização de sua obra.

O que eu trago para meu crescimento pessoal é procurar estar mais atenta a essas “vozes” no meu cotidiano, e também procurar ser mais humilde em aceitar o ritmo de trabalho de cada pessoa da equipe. Estou consciente que não é fácil acompanhar meu processo de trabalho-criativo, mas às vezes o afã vem avassaladoramente; estou aprendendo a dosar essa energia criadora adequadamente à ferramenta do meio da qual ela se utilizará através de minhas ações, pois essas ferramentas às vezes não são impessoais, às vezes são indivíduos que manejam um equipamento ou aplicativo onde eu apenas coordeno. Aproveito para me desculpar publicamente mais uma vez ao editor do meu curta-metragem, pois eu suguei a alma do coitado num ritmo tão intenso e acelerado... mas, felizmente Wesley conseguiu realizar tudo conforme as coordenadas, mesmo sendo estas contrárias à compreensão lógica e gosto pessoal dele, ele as executou com muita competência.


Katiuscia de Sá
10/10/2011
01:30 A.M.

sábado, 1 de outubro de 2011

Campanha de arrecadação

Livro “CIDADE VELHA, CIDADE VIVA”
*Valor simbólico: R$25,00


Visando finalizar a etapa de pós-edição, estamos vendendo o livro “Cidade Velha, Cidade Viva”, a fim de arrecadar o valor em dinheiro necessário para a finalização do curta-metragem paraense “O Forasteiro” – um projeto independente.

O livro possui 37 (trinta e sete) registros históricos acerca de um dos primeiros bairros de Belém. É uma ótima oportunidade para dá-lo de presente a parentes e amigos que vieram a nossa cidade para passar o Círio.

O livro “Cidade Velha, Cidade Viva” possui fotos, ilustrações e relatos sobre costumes de época; pessoas ilustres; curiosidades, e muito mais acerca de nossa cidade. É um excelente registro histórico indispensável na biblioteca de todos que amam Belém e desejam saber um pouco mais sobre nossa tradicional “cidade das mangueiras”. Os exemplares foram gentilmente doados para o projeto “O Forasteiro” pela Sra. Dulce Rosa de Bacelar Rocque, presidente do CiVViva.

Para quem mora em Belém e redondezas, basta entrar em contato através dos telefones:
(91) 8419 6700 (CLARO)
(91) 8816 8761 (OI)
(91) 8021 9276 (TIM)
(91) 9277 2248 (VIVO)

Para aqueles que moram em outros estados e desejam contribuir adquirindo o livro, entrem em contato por e-mail:
hellenkatiuscia@gmail.com


*Agradecemos a todos que estão nos ajudando a concretizar esse trabalho. (Equipe O Forasteiro)

SINOPSE DO FILME:
O filme é uma ficção: um rapaz de outra cidade chega a Belém em busca de emprego e de um imóvel para alugar. Ele é abordado por um homem desconhecido que lhe oferece uma casa, mas confere uma recomendação que o forasteiro não cumpre, gerando um mistério. O fio condutor da estória mostra as riquezas arquitetônicas do patrimônio histórico da capital paraense, sobretudo dos casarões dos bairros da Cidade Velha, Campina e Comércio.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Entrevista sobre o curta paraense "O Forasteiro"

Há 4 anos desenvolvendo um trabalho importante em produções audiovisuais no Norte do país, o Núcleo de Produção Digital (NPD) de Belém, localizado no Instituto de Artes do Pará (IAP) ajudou a qualificar mais de 800 profissionais e desenvolveu um trabalho de incentivo em diversos projetos, como os curtas de ficção “Diário de Célia”, “Devorados”, o vídeoarte “Cromoverdose”, entre muitos outros.

Desde agosto o público interessado em concretizar seus projetos, tem a oportunidade de realizar produções de imagem e som e edição com equipamentos profissionais, cedidos pelo NPD Belém conforme o regulamento do Edital de Utilização dos equipamentos do Núcleo de Produção Digital / IAP lançado no Diário Oficial e disponível no site do IAP (www.iap.pa.gov.br).

O lançamento do Edital torna real a democratização da produção audiovisual da região Norte do país, dando chance ao público em geral de realizar projetos que sejam dos gêneros: documentário, ficção, clipe, vídeoarte, experimental e animação. As inscrições para uso dos equipamentos são gratuitas e a pauta disponível para uso do equipamento estará aberta até 20 de dezembro de 2011 e deverão ser feitas 15 dias antes do período solicitado.

Como primeira usuária beneficiada pelo edital, Katiuscia de Sá, diretora de curtas metragens, falou sobre a importância do Núcleo de Produção Digital do IAP para a produção local;

1-Qual a importância do edital do NPD para a comunidade em geral?

Eu acho muito importante a abertura de um edital assim, pois muita gente produz vídeo de forma independente aqui no Pará, e se você deseja experimentar algo diferente, fora da academia e se você quer explorar uma proposta de direção mais contemporânea ou até mesmo mais experimental, seja pela ousadia ou loucura do roteiro, você não consegue patrocínio, então uma ilha de edição completa como essa do NPD que você utiliza sem custos adicionais é um ponto importantíssimo para a conclusão do seu trabalho, é fantástico!. Eu achei muito providencial esse edital, pois eu estou com esse meu material já faz mais de um ano para editá-lo, e com uma ilha de qualidade como essa do NPD onde você pode utilizar sem o aluguel (que para um projeto com pouca grana sairia oneroso caso fosse utilizar uma ilha de produtora), é muito bom sem duvida! Sem falar na parte institucional do apoio onde o NPD-Pa entra, o que também dá um peso maior para o seu filme.

2-Como ficou sabendo do edital de utilização?

Desde junho eu aguardo a publicação e sempre entrava em contato com Galindo (gerente do núcleo), perguntando sobre como eu poderia utilizar essa ilha pra editar meu curta. Sabia da entrega desse material para o NPD desde o final do ano passado. Eu já tinha essa expectativa para utilizar esse espaço, mas ainda tinha a problemática de que há poucos profissionais capacitados a utilizar o programa profissional de edição de video (Final Cut) aqui em Belém, e a mão de obra que mexe com isso já está praticamente trabalhando nas TV’s e nas agencias de publicidade. Além do que, custear um profissional desse porte sai um pouco caro, considerando a trabalheira que é editar um vídeo, eu já acompanhei e é meio chatinho..., mas quem trabalha com isso, gosta! Então, sobre o edital: Galindo me explicou que haveria a abertura desse edital agora pelo inicio do segundo semestre de 2011, e ele me orientou da papelada e os tramites legais que habilitariam meu projeto para a utilização desse espaço. Eu vim muito aqui no NPD conversar com Galindo para finalizar meu curta, já atrás da abertura desse edital. Se você não correr atrás, as coisas não acontecem. (rs)

3-O que representa a NPD e seus equipamentos para a realização do seu trabalho?

Representa uns 70% da realização de meu trabalho. Pois é como lhe falei, se você está com um projeto independente, você já baixa o custo mais da metade com o empréstimo do equipamento de filmagem e a utilização da ilha de edição, que é o meu caso, estou habilitada para a utilização da ilha para a captura, edição e finalização de meu curta. Futuramente pretendo pedir o kit do equipamento de filmagem, mas é um projeto mais adiante...

4-Como está o mercado de audio visual no Pará?

Olha, o mercado existe. Mas está meio tímido. Há muita gente talentosa, gente séria, com potencial e vontade de realizar seus trabalhos, mas o que impede são os custos dessa realização, e também a falta de patrocínio de empresas que acreditem nesse formato de arte como retorno para seus empreendimentos. Existe também a falta de politicas públicas estaduais mais eficientes para incentivar e bancar essas realizações. Já temos um ganho esse ano com a abertura do curso superior de Cinema na UFPA, que vai forçar uma mobilidade no mercado de áudio visual em Belém, eu acho..., acredito que isso irá redimensionar a configuração das realizações em vídeo na cidade, abrindo novas possibilidades de dialogo entre realizadores, produtoras e empresas particulares dispostas a apostarem nesse formato de mídia como retorno para seus investimentos. E também um ganho maior, sem duvida, a vinda de Galindo a frente do NPD, já acompanho a militância dele em favor do audiovisual no estado há um bom tempo, e Galindo é muito competente e PERSISTENTE nas coisas: ele vai, corre atrás, vira e mexe e faz as coisas acontecerem. Acho a presença dele fundamental a frente do NPD nesta nova gestão! Espero que continue essa abertura, onde o áudio visual do estado ganha muito.

5- O segmento do audio visual conhece o trabalho do IAP? De que forma? Como é visto?

Acredito que sim... pois já desde meados de 2009 o NPD vem realizando inúmeras oficinas capacitando pessoas ligadas ao audiovisual de Belém com instrutores renomados (diretores, produtores, roteiristas, etc), e isso vem contribuindo para a qualificação e aprimoramento de pessoas que por algum motivo não podem sair do estado em busca desse aprimoramento. Eu me lembro, acho que eu frequentei quase todas essas oficinas, inclusive participando do projeto EVA FAZ DE CONTA, que foi pelo NPD ano passado, onde os melhores alunos de todas essas oficinas estavam na equipe dessa produção. Esse acontecimento foi fundamental para nossa formação, pois experimentamos na real como uma produção cinematográfica funciona, como é o trabalho em um Set de filmagem, experimentamos todas as problemáticas e tivemos a chance de solucioná-las, foi como se fosse nosso teste final, digamos assim, depois de termos passados por todas as oficinas em audiovisual oferecidas pelo NPD, nos capacitando para o mercado profissional. Realmente foi uma oportunidade excelente! Sou muito grata.



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Diário de Bordo - 05




Gostaria de escrever algo relacionado à parte de produção de meu primeiro curtametragem. Esse post vai direcionado para L.S.Alves, que deixou um comentário em uma de minhas postagens sobre os bastidores d’O Forasteiro.

Então... eu já fiz vários cursos e oficinas de produção cultural, porém, a gente só consegue compreender a coisa fazendo. Ou seja, metendo a mão na massa mesmo! Percebi que atitudes como: organização, iniciativa, garra, ter bom relacionamento interpessoal, MUITA serenidade e pensamento lógico rápido, ajudam e muito em várias fases de uma produção.

A organização ajuda no momento do levantamento das coisas necessárias para a realização de seu projeto. Por exemplo, após a decupagem do roteiro, vemos nitidamente o que se irá precisar para as gravações. Pode-se desmembrar essa organização por assuntos. Por exemplo, digamos que para a sequencia “X” do roteiro será necessário uma casa com piscina..., então a produção de locação irá atrás de possíveis residências que poderão servir como locação de acordo com a vontade do diretor. Após essa verificação, apronta-se um documento (geralmente um requerimento contendo a sinopse do filme, anexos do currículo simples do diretor e do produtor, as contra-partidas, e as logos ou citações das empresas já engajadas no projeto – isso demonstra seriedade e confiança para seu projeto).

Esse documento vai para o dono da residência escolhida. Importante salientar que o ato da apresentação e diálogo são extremamente importantes, pois é nesse momento que o produtor “ganha” o possível apoio cultural e/ou patrocinador para seu projeto. Tudo deve ser dito claramente e com fineza, educação e elegância. Posto que uma boa retórica e simpatia são um excelente cartão de visitas. Isso serve também para a apresentação escrita e para os trajes do produtor. Uma boa sacada é visitar antes os possíveis apoios culturais/patrocinadores para sentir como é o ambiente e como as coisas funcionam. Se o ambiente for mais formal, respeite isso e se apresente também formalmente, mas se o clima for mais descontraído, vista trajes e comportamentos mais informais, porém ainda mantenha a elegância e serenidade. Lembrando que a postura ética em cumprir prazos referentes aos apoios culturais/ patrocinadores é importantíssimo! Pois, é uma porta que você poderá deixar aberta ou fechada para outras produções que você fizer no futuro.

Essa organização vale para todas as etapas da produção. Quando se tem uma equipe média ou grande, a produção pode se desmembrar: Produção Executiva > Coordenação de Produção > Assistente(s) de produção. Aqui a comunicação e clareza são primordiais.

No caso d’O Forasteiro, eu acumulei as tarefas: executiva, de coordenação de produção, e produão (além da Direção Geral e Direção de Fotografia), pois minha equipe era pequena (porém unida e de confiança – isso também é um fator que influencia muito no ”fluir” das coisas).

Os quesitos “iniciativa e garra” servem nos momentos em que o produtor vai a campo... ou “vai pra guerra”, no jargão comum. Pois ele terá pela frente muito “chá de cadeira”... alguns “nãos”... às vezes ele se depara com situações inusitadas que requer jogo de cintura, ou iniciativa de correr atrás do que sua produção necessita, e nesse caso qualidades como vergonha, medo, timidez... não combinam com um produtor. Tenho muitas histórias e curiosidades desse período, onde a iniciativa e a sacada rápida das coisas me ajudaram muito, é o famoso "feeling".

O bom relacionamento interpessoal serve para TODOS de uma equipe de produção, mais ainda para o Diretor, pois no afã criativo do Set frequentemente não se pode entrar na cabeça do Diretor, e este deve ter a humildade e serenidade de explicar suas idéias aos profissionais que o cercam, e o diálogo e a escuta são tão importantes quanto o respeito e a paciência! A disciplina também é bem-vinda ao comportamento coletivo de uma equipe de produção. Também o reconhecimento e valorização dos profissionais dentro de uma equipe é importante para o deslanchar das atividades. Palavras mágicas como "por favor", "obrigado", "me desculpe"... são importantíssimas também.

Contudo, dentre esses quesitos, acredito ser o mais relevante de todos: a ORGANIZAÇÃO, pois ela norteia TODAS as fases, da pré-produção à pós-produção. Quando o Diretor sabe exatamente o que ele pretende de seu roteiro e como chegar à realização de suas idéias, a “organização” desses pontos (seja em organogramas, planilhas de filmagens, plano de execução, etc), refletirá diretamente no Set de filmagem quando os profissionais estiverem ali sendo direcionados pelo Diretor, e tudo isso influenciará de sobremaneira o produto final (filme).

Espero ter ajudado às pessoas que visitam esse BLOG, em busca de algumas dicas e/ou referencia de comportamentos na área de Produção, que os ajudem em algo. Aproveitando para esclarecer a todos que, nesse momento estou correndo atrás de patrocínio para as fases de montagem e edição d’O Forasteiro. Já consegui parceria com uma ONG que trabalha com audiovisual, e numa conversa informal com o coordenador de lá, ele me deixou a porta aberta para o momento em que eu necessitasse. Estou correndo agora, atrás de grana, para essa fase da produção que é a mais delicada. Depois disso virá a fase de DIVULGAÇÃO, e aí será outra história...

Meu MUITO OBRIGADA AOS APOIADORES CULTURAIS: Porto Arapari; ABDeC-Pa; Coletivo de Cinema; Salão Senador Lemos; FUMBEL; CiVViva; FidelisDecor; Panificadora Camões; Doceria Eti Mariqueti; Brechó Novusado; SOL Informática; FIEPA e Instituto de Artes do Pará; também a toda minha equipe que trabalhou comigo durante as fases de pré-produção (Vivian Santa Brígida, Verônica Lima, João Pedro Rdrigues, Emerson Almeida); na fase da produção (Cezar Moraes, Veronica Lima, Vivian Santa Brígida, Carol Dominguez, Thiago Losant, Nilze Carvalho, Emerson Almeida, Nilza Maria, Mário Ribeiro, Mário Aires Guardian, Rogério Batista, Carlos Alberto Jr., Rafaella Cândido, o meu MUITO OBRIGADA por acreditarem em mim e em meu projeto!

Agora caminho sozinha nessa fase de montagem e edição, mas em breve, estaremos juntos novamente. Um largo e apertado abraço a todos! Muitas saudades de vocês, galera!!!!


Katiuscia de Sá
28 de abril de 2011.
Salvador/BA.