quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Diário de Bordo - parte 02


Sobre questões práticas: coordenar uma equipe de filmagens para mim foi uma experiência meio “intuitiva”, permiti que meu coração avançasse sobre meus conhecimentos pré-estabelecidos acerca da Arte Cinematográfica, informações adquiridas de acordo com minhas referências: bons filmes de arte que eu vi (e continuarei vendo...); livros que eu li; concertos que assisti; óperas, musicais, vernissages que visitei, peças teatrais que assisti, lugares e pessoas que conheci, também experiências pessoais que vivi – tudo se fundiu no que eu chamo de “caminho criativo do artista coletivo”: movimento dos sentimentos afagando as idéias que farão nascer um produto artístico que vem a Luz por meio de várias mãos. Observa-se que esse “movimento” refere-se à vontade de todos da equipe para a realização do projeto; e as “idéias”, os esteios que sustentam a história contida no roteiro centralizado na cabeça e vontade do diretor.

Outra coisa intuitiva acontecia comigo sempre ao visitar as locações. Meu olhar já se comportava como se fosse a lente da câmera. Era uma sensação mágica e ao mesmo tempo assustadora, pois minha mente se focava apenas para isso, era como se eu “me abandonasse” para ceder lugar a uma espécie de “edição” das imagens que ainda nem tinham sido feitas, mas que eu já visualizava como seriam de acordo com o roteiro; entretanto, muitas coisas eu tive de adequar in loco, no Set.

Os imprevistos, na minha opinião, sempre são previstos... assim, lançava mão sempre de um Plano B, D ou até mesmo Z, e quando isso acontece o bom-senso e raciocínio rápido são necessários. Por exemplo, fui muito feliz seguindo as opiniões de Verônica (Arte) e Cezar (Ass. de Direção/ Op. de Câmera) para solucionar alguns imprevistos de cenário, ou da narrativa do roteiro, etc... De acordo com os mestres do cinema europeu, o bom diretor é aquele que sabe ouvir sua equipe e fazer instantaneamente o balanço da possibilidade dessas opiniões adequarem-se ao enredo do roteiro. O conhecimento e credibilidade da equipe junto ao roteiro do filme também são importantes; daí o primordial de o roteirista/diretor acreditar no seu filme: toda a equipe confiará nele também. A figura do Diretor funciona como uma espécie de juízo e amparo para todos que estão no processo oferecendo o seu melhor relacionado a seu departamento/função.

Com o término das filmagens, “O Forasteiro” entra agora na fase da pós-edição, e também já deu início ao estágio de animação que entrará no filme, através das mãos dos desenhistas Mário Guardian e Carlos Alberto Ribeiro Júnior, com a finalização dos frames feitas por Thiago Losant e eu. O curta está previsto para ser exibido no ano que vem.

A equipe de “O Forasteiro” agradece a todos os Apoiadores Culturais que nos ajudaram a tornar possível a realização deste curta metragem.

Katiuscia de Sá
Belém, 16 de setembro de 2010.

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